A busca por ingredientes seguros para a saúde, processos produtivos ecologicamente equilibrados e respeitosos com os seus trabalhadores torna-se algo obrigatório nas indústrias.
A busca por métodos e matérias-primas que não agridam tanto o meio ambiente tornou-se uma necessidade imperativa em diferentes segmentos econômicos. Um deles é a indústria de perfumaria, maquiagem e produtos de higiene.
Ela é reconhecida como uma das que mais poluem o meio ambiente, especialmente, com o descarte incorreto dos produtos e de suas embalagens, que acabam sujando rios e mares. De acordo com projeções da consultoria Euromonitor, 40% de todo o plástico fabricado em 2020 será usado apenas uma vez.
O contexto vem impondo a esse ramo econômico o ato de repensar, buscando jeitos mais equilibrados e responsáveis de produzir. Por isso, antes de comprar produtos para a pele, confira algumas dicas para adquirir os que menos prejudicam o meio ambiente e a sua saúde.
Beleza limpa
A necessidade de desenvolver processos mais equilibrados de produção e consumo criou novos conceitos, como o de “beleza limpa”, ou clean beauty, em inglês.
Para ser considerado “limpo”, o cosmético deve ser livre de substâncias orgânicas ou sintéticas, como parabeno (conservante), ftalatos (solventes), triclosan (presente em sabonetes antibacterianos e desodorantes), mercúrio, sulfato de sódio, silicone e benzofenonas (encontrados em esmaltes, protetores solares, maquiagens e produtos para o cabelo).
Os impactos dessas substâncias ainda não são totalmente conhecidos pela ciência. Recentemente, pesquisas em diferentes universidades vêm apontando alguns pontos negativos desses ingredientes sobre o organismo humano, com destaque para as desregulações hormonais e o aumento da resistência às bactérias.
Cadeia produtiva
Além da composição química, outro critério importante para definir produtos de “beleza limpa” é a cadeia produtiva. Ela envolve desde uma extração amigável de ingredientes tirados do meio ambiente até uma produção que respeite direitos humanos e trabalhistas. Outro fator fundamental é que os produtos “limpos” não são testados em animais.
Para isso, é essencial que as embalagens contenham linguagem acessível e organizem as informações (sobre os ingredientes e o modo de produção) de modo organizado e transparente. Entre os dados fundamentais, estão: se a embalagem é biodegradável e a empresa possui um sistema de refil ou uma estrutura de logística reversa — ciclo que pensa como será o retorno de materiais já utilizados durante o processo produtivo.
Propaganda enganosa
Em um mundo no qual a sustentabilidade se tornou um slogan eficiente e chamativo, muitas empresas praticam o greenwashing, que ocorre com a criação de um marketing a partir de termos como “natural”, “verde” e “eco”, mas, na prática, não desenvolve uma cadeia produtiva responsável, utilizando ingredientes que podem prejudicar o organismo humano ou possuem efeitos ainda desconhecidos.
Por isso, é fundamental saber as diferenças entre as nomenclaturas. Enquanto cosméticos veganos só são feitos a partir de substâncias sintéticas e não utilizam ingredientes de origem animal, como cera de abelha, mel, colágeno, albumina e carmine gelatina, os produtos orgânicos têm matérias-primas certificadas, com uma cadeia produtiva livre de agrotóxicos e outros agentes químicos.
Já os cosméticos livres de crueldade, ou cruelty free, em inglês, não foram produzidos a partir de testes em animais. É importante perceber como esses conceitos estão relacionados, mas não são sinônimos. É possível que um produto não faça testagens em animais, mas não seja vegano, por exemplo. É importante mencionar que a legislação brasileira não determina diretrizes específicas para definir quais são as concentrações mínimas exigidas para cada ingrediente natural e as restrições para os ingredientes sintéticos. Essa lacuna legislativa facilita a prática de greenwashing e propagandas enganosas, que tentam vender um produto como “eco”, quando, na verdade, ele não é.