As hot pants se tornaram famosas porque, além de bonitas, são confortáveis e valorizam o corpo. De onde elas vieram?
Atualmente, a moda íntima permite às mulheres que optem não apenas pelo conforto ou pela beleza, mas escolham o combo.
Uma calcinha superconfortável também pode ser bonita. Mais do que isso, ela pode gerar autoestima e dialogar diretamente com as mulheres do passado. Como assim? Vamos explicar.
Neste artigo, falaremos um pouco mais sobre a criação das hot pants, que hoje também são utilizadas como lingeries. Confira!
Mary Quant: a libertária
A década de 60 foi responsável pela quebra de uma série de tabus e parâmetros sociais. Nessa época, em Londres, surgiu uma série de movimentos e artistas que visavam questionar os papéis impostos pela sociedade e aquilo que era correto ou não para as pessoas da época.
A estilista Mary Quant, responsável também pela criação da minissaia, foi uma das mulheres responsáveis por modificar a moda e transformá-la em uma forma de autoexpressão e rebeldia.
Em 1969, após apostar em vestidos justos e de alcinha, popularizar os olhos esfumados e o cabelo curtinho, Quant lançou uma nova peça: um short que deu o que falar.
A peça tinha cerca de 5,5cm para as pernas, o que fazia com que boa parte delas ficasse exposta – e que até um pedaço do bumbum aparecesse. O intuito era de fato enfatizar as curvas dos quadris, o que era bastante atípico para os padrões de então.
A inspiração para a criação das hot pants, no entanto, veio de duas décadas antes: a partir dos anos 1940, as roupas de banho começaram a permitir que as mulheres mostrassem um pouco mais de pele, embora os biquínis muito cavados não fossem uma realidade.
Quant percebeu que havia calcinhas de biquíni que, se feitas em outras cores e estampas, poderiam funcionar muito bem para compor looks e criar uma linguagem urbana inovadora.
E o biquíni hot pants, de onde veio?
No início do século XX, as roupas de banho eram bastante conservadoras, o que fazia com que ir à praia, às vezes, fosse bastante trabalhoso.
As coisas começaram a mudar com o estilista Jacques Heim, que propôs, em 1932, que a roupa de banho feminina pudesse ser algo mais leve, composto por um top comportado e uma calcinha de cintura bem alta, que deveria cobrir o umbigo (era uma norma da época!).
Em 1946, o biquíni que mostrava o umbigo apareceu, por meio de obras como a do designer Louis Rèard, e foi verdadeiramente escandaloso. Apesar de ter se popularizado posteriormente, ainda não era comum que as pessoas usassem a peça mais “exposta”.
A popularização da peça e o seu uso nos dias de hoje
Quem popularizou o uso de hot pants, já não apenas como roupas de banho, foram as pin-ups dos anos e as atrizes de Hollywood.
Sempre com o umbigo tampado (o que é perceptível ao assistir a um filme antigo), elas utilizavam as peças com outros artigos cheios de glamour e apostavam na estética da cintura vincada.
Nos anos 1980, a peça ganhou versões em jeans, em tons pastéis e em materiais considerados mais sensuais, como o vinil. Grandes nomes do rock, como Debbie Harry e as meninas do The Runaways, utilizavam as hot pants para compor seus visuais cotidianos e de palco, já que a peça contribuía para a criação de uma imagem subversiva.
Já nos anos 1990, a peça desapareceu um pouco da mídia, embora os shorts jeans curtinhos nunca tenham deixado as vitrines. A partir de 2010, as hot pants voltaram e, desde então, fazem a cabeça dos mais jovens, das celebridades e das influenciadoras digitais.
É possível usar a peça no dia a dia, inclusive para criar visuais não tão casuais: combinar as hot pants com um blazer da mesma cor e uma camisa social, por exemplo, é o suficiente para criar um look marcante, tão elegante quanto ousado.
Além disso, a modelagem está presente nas roupas de banho e é muito popular nesse sentido: por enfatizarem as curvas, os modelos hot pants são considerados democráticos e funcionam bem para todos os tipos de corpo.
Na moda íntima, a regra se mantém: pessoas de diversos biotipos podem se beneficiar com a utilização das hot pants, que hoje são feitas em diversos materiais, inclusive com rendas e babados.